O TREM DA VIDA – Capítulo 02 – Caminhos da Evolução

Nós faremos uma pequena comparação entre a estada no mundo físico e um trem que se desloca em uma estrada de ferro. O trem possui um ponto de partida e um ponto de chegada, que para nós é o término do primeiro estágio probatório, ou seja, o fim do mundo de provas e expiações, este mencionado nas obras de Kardec.
Pois bem, esse trem representa o caminhar da vida, desde quando ela surgiu com a construção do planeta. É um trem que tem recebido todas as individualidades surgidas durante esse caminhar.
Vamos nos ater aqui à viagem dos passageiros que já possuem o livre arbítrio, mais especificamente ao atual estágio de desenvolvimento em que se encontram. Como sabem, o trem é composto por muitos vagões, das mais variadas espécies, alguns com requintes de luxo, outros menos sofisticados. Alguns possuem janelas menores com ângulos e visões um tanto reduzidos, outros nem tanto. Nos vagões existem assentos de diversos tamanhos, onde se acomodam os passageiros e, que no nosso caso, são os seres humanos.
Durante a viagem, podemos notar que existem várias estações em que ocorrem paradas, servindo para o desembarque de alguns passageiros e o embarque de outros. O embarque representa o nascimento de novos seres humanos, enquanto o desembarque representa a desconexão do corpo físico, comumente chamada de morte.
Alguns desses vagões são muito grandes e acomodam uma infinidade de assentos. Os vagões podem representar uma comunidade, uma cidade ou um país. Cada assento pode representar uma família, isto é, um homem e uma mulher que muitas vezes estão dispostos a compartilhar o assento com outros que possam embarcar no trem.
Ao comprar a passagem, o viajante escolherá qual vagão e, consequentemente, qual assento ocupará nele. Esse novo passageiro utilizará o assento onde já se encontram acomodados um ou mais indivíduos que já viajam há algum tempo. Dessa forma, podemos dizer que ocorre a formação da família, em que um homem e uma mulher se juntam para dar continuidade à criação dos corpos físicos, sendo essa a condição de existência deles no planeta nesta presente fase de evolução.
O embarque do passageiro ocorre no momento da fecundação do óvulo feminino pelo espermatozoide masculino. A partir desse momento, o feminino vai dar respaldo ao novo viajante durante um certo tempo até que ele possa manter-se firme no assento, uma vez que o trem dá muitos solavancos devido as paradas e arranques da máquina e algumas declividades nos trilhos. Pode ocorrer que os dois viajantes que se uniram para a reprodução, não se acertem quanto ao lugar tomado no assento, e por alguma razão, não desejem mais estar juntos no mesmo banco e automaticamente procurem um novo assento dentro do mesmo vagão ou em outro.
O tempo de permanência do nascituro viajante aos cuidados da entidade feminina é de aproximadamente 9 meses, quando então ele começa a experimentar o local onde se encontra e passa a projetar-se como o novo viajante que é. Aos poucos, o novo viajante vai se preparando para afirmar-se no banco com o auxílio do feminino, que muitas vezes é ajudado pelo masculino, e juntos eles procuram dar suporte ao seu aprendizado.
O aprendizado do novo viajante leva um tempo determinado. Depois de aprender a cuidar de si mesmo, ele procura por um novo assento ao lado de alguém que possa ser seu parceiro para encontrar outro viajante que chegará por vontade própria, através deles. Dessa forma, esse novo viajante entrará no vagão em busca de um assento ao lado daqueles que patrocinaram sua nova jornada.
Esclarecendo que a vida é eterna, portanto, nunca se esvanece. O tempo que se passa vestido com o corpo físico é uma oportunidade para aprender a se equilibrar dentro do trem, uma vez que nele os deslocamentos são variados. Já o tempo que se passa fora do corpo físico é um minúsculo intervalo em que se programa uma nova viagem. A escolha é feita levando em consideração a necessidade de aprendizado, ou seja, adquirir novos meios para se equilibrar dentro do trem. Como tudo no universo se transforma e se aperfeiçoa, a necessidade de aprender novas maneiras de se transportar através do trem se torna mais cheia de desafios.
Um fato interessante que ocorre dentro do trem são os problemas gerados pelos passageiros. Em primeiro lugar, ocorre a individualidade que acolhe em primeira mão o viajante. Por ele estar entrando no trem recentemente, aquele que o recebe vai ensinando-o a se equilibrar e dar os primeiros passos dentro do vagão, próximos ao seu assento. Algum tempo depois, com a ajuda do companheiro de viagem, se estiver presente, eles vão instruindo o novo passageiro para que ele se sinta seguro e possa caminhar dentro do vagão com segurança. Às vezes, os que recebem, em conjunto ou sozinhos, não permitem que o viajor saia do assento onde se encontra para buscar a estabilidade, o que limita seu aprendizado e o torna dependente, incapaz de caminhar sozinho dentro do vagão. Por outro lado, ele pode saltar em uma estação sem ter aprendido a caminhar sozinho, não conseguindo, dessa forma, encontrar um assento próprio onde poderia receber um novo companheiro viajante.
Muitos viajantes se deslocam de um assento para outro que esteja vazio, fazendo assim novos contatos dentro do vagão, o que lhes permite adquirir outros conhecimentos com a finalidade de suportar melhor os solavancos do trem. Podem ocorrer desentendimentos entre os viajantes, devido ao barulho causado pelas conversas ou às provocações decorrentes de intervenções indevidas no lugar ou no caminho de muitos dentro do vagão. Há ainda o problema de alguns quererem tomar o assento do outro, alegando que o seu é pior ou que o outro não merece aquele assento. As discórdias são inúmeras e, assim, apresentam-se como uma dificuldade a ser superada pelos viajantes.
Nesta viagem de trem, o mais importante é buscar entender a regra existente, que é a harmonia, para que todos possam viajar tranquilamente. Uma vez que o objetivo almejado da viagem é encontrar a paz e o respeito pelos companheiros viajantes, surgem uma infinidade de problemas, entre os quais estão as desistências ou interrupções da viagem, pois alguns viajantes são jogados para fora do vagão por algum companheiro de viagem que decidiu agir desta forma.
A permanência dentro do vagão é extremamente complexa, pois os viajantes estão ali para aprender a se comportar de acordo com as regras da harmonia, para que todos possam viajar em paz. Esse aprendizado se estende por várias viagens e, por que não dizer, infinitas viagens. Cada viagem realizada gera um aprendizado relacionado ao comportamento. Esse aprendizado acontece em função das dificuldades encontradas durante cada viagem. Quando a maioria dos viajantes aprender a se comportar adequadamente dentro das regras da harmonia, viajarão tranquilos em um novo trem, onde não haverá mais as dificuldades que até então existiam.
Esse novo trem servirá para viagens completamente diferentes, em que não haverá mais as dificuldades normais que existiam no primeiro trem. O desenrolar das viagens ocorrerá não mais com assentos que recebem novos viajantes, mas onde todos os viajantes iniciam juntos. Alguns desses novos viajantes poderão se deslocar do trem para se juntarem aos viajantes do primeiro trem, com o propósito de completar estudos ou fornecer ajuda a eles. Nestes casos, o viajante mencionado utilizará, na maioria das vezes, o mesmo trem e suas condições, utilizando-se, portanto, da vestimenta carnal para desempenhar sua função.
Os viajantes que não conseguiram adquirir as condições necessárias para viajar nesse novo trem, uma vez que ainda necessitam do trem costumeiro e esse trem não existe mais nesse novo estágio, serão levados para outro local onde ainda existe o antigo trem, para assim poderem dar continuidade ao aprendizado e buscarem as condições para adentrar o novo trem, em oportunidade própria.
Desta forma, podemos concluir que as individualidades que estão viajando no trem da vida deverão fazê-lo por um longo período, com o objetivo de se afinarem aos ditames da lei da harmonia, cuja lei é a base fundamental de todo o universo.
São Paulo, 2023
Caetano Zaganini