Muitas vezes, o ser humano se julga mais importante do que os seres denominados animais. Talvez seja necessário repensar essa maneira de enxergar a situação dos seres criados por Deus. Em primeiro lugar, devemos começar a refletir sobre a importância que todas as coisas existentes têm dentro da cadeia criativa. Ao olhar um relógio, é comum dizer que certas peças são mais importantes do que outras, como os ponteiros ou o mostrador, que para muitos seriam as peças mais cruciais. No entanto, aos olhos de quem as criou, todas têm a mesma importância, pois todas têm o mesmo e único propósito: a perfeição. Seja o planeta Terra em sua fase inicial, uma bola de fogo ou em um estágio mais avançado, como um ecossistema de vidas vegetais ou animais. Devemos reconhecer a importância que cada um tem em sua existência, a diferença entre eles é apenas temporária, isto é, alguns estão no início da individualização e outros em um estado mais avançado.
Todos nós fomos criados a partir do Big Bang, com o mesmo propósito de aperfeiçoamento e de caminhar lado a lado uns com os outros. O ser humano precisa parar de se considerar mais importante do que outras criações, sendo apenas responsável por permitir que essas criações realizem seu aprendizado. Seja um grão de areia, uma faísca de fogo, uma gota d’água, uma planta ou um animal em busca de livre arbítrio, cada ser tem sua importância e contribuição para o equilíbrio do planeta e consequentemente do universo.
Dessa forma, o ser humano precisa se colocar em seu devido lugar, assumindo uma maior responsabilidade em relação a todas as outras criaturas que seguem em direção à perfeição. À medida que a jornada se distancia do início da individualização, cresce a responsabilidade daqueles que estão mais adiantados em relação às outras criaturas que ainda estão em estágios evolutivos menos avançados.
O mais importante é que no universo tudo segue uma sequência em seu desenvolvimento, assim como uma estrada que devemos percorrer. Não se pode chegar ao fim da estrada sem percorrer todo o seu percurso, e isso pode levar um certo tempo. Nunca se chega ao final da estrada sem ter percorrido toda a sua extensão. Da mesma forma, nada pode “cortar caminho”, pois tudo tem seu tempo, que é a sequência do desenvolvimento de cada individualidade.
Assim como os seres com livre arbítrio, aqueles que não possuem o livre arbítrio também devem trilhar um caminho, e, portanto, nunca é possível pular etapas desse caminho. Todos devem passar por todas as fases do percurso, sob pena de comprometer o caminhante. A estrada é longa e cheia de obstáculos, e essa jornada deve ser percorrida meticulosamente para que o caminhante adquira o equilíbrio necessário e consiga seguir em frente tranquilamente.
Esse equilíbrio nada mais é do que o aprendizado de como caminhar sozinho, ou seja, caminhar sem depender de algo externo, uma vez que cada um é uma individualidade e foi assim criado pelo Criador. Portanto, não se pode organizar um átomo sem que ele esteja devidamente isolado, mas com capacidade de desempenhar sua função de forma autônoma, fazendo parte do complexo mundo da formação da matéria.
Cada coisa tem sua função dentro do todo e, por isso, é necessário compreender que tudo deve agir por conta própria e não em função do outro. Cada partícula é uma individualidade e ela irá desempenhar o trabalho sozinha, mas estará em conjunto porque esse conjunto constituirá uma nova estrutura. Todos são necessários, porém cada um tem a sua função. Desta forma, podemos e devemos nos ater ao desenvolvimento de cada unidade.
Quando o universo se desenvolve, isso ocorre por etapas e não de uma só vez. Assim como um pedreiro vai colocando tijolo por tijolo, o universo e tudo o que nele é desenvolvido seguem o mesmo princípio. Não é possível construir o telhado sem antes ter construído o suporte. Tudo no universo segue uma sequência, e é assim que tudo vai se desenvolvendo. Os minerais se estabilizam, permitindo o surgimento dos vegetais, que por sua vez se estabilizam para possibilitar o desenvolvimento dos animais, os quais, por fim, se estabilizam para dar lugar ao próximo estágio, que será o surgimento do novo homem, ou seja, o homem do novo mundo ao qual muitos esperam adentrar em breve. Essa sequência leva a criação divina rumo à perfeição, culminando com o retorno de toda a criação ao seu Criador.
É muito importante prestar atenção ao desenvolvimento normal de cada indivíduo, pois cada um tem o seu próprio tempo de construção. O cérebro dos animais se forma ao longo do tempo, pois é necessário colocar um tijolo de cada vez, como já mencionamos. O animal se desenvolve gradualmente, impulsionado pelas necessidades que possui de evoluir, por isso tudo é desenvolvido aos poucos, construído dentro dos limites de capacidade de desenvolvimento de cada célula.
Ao longo de sua existência, o cérebro vai formando e desenvolvendo sua capacidade de autoconstrução para atender às suas necessidades. Cada vez que uma necessidade é superada, surgem novas oportunidades para o surgimento de outras. À medida que o cérebro se aprimora, adquire a capacidade de trabalhar e desempenhar suas funções, culminando no reconhecimento de si mesmo e na utilização do mecanismo do programa instintivo de forma autônoma. Quando alcança esse ponto, o cérebro contém toda a construção desenvolvida ao longo de sua existência, tornando-se uma máquina com todas as peças formadas como individualidade.
O cérebro é composto por várias partes que refletem a sequência de seu desenvolvimento. Todo esse processo ocorre quando há uma necessidade que precisa ser atendida, de forma que, se essa necessidade não existir, o desenvolvimento não ocorrerá. Assim, podemos observar que atualmente estamos vendo uma desaceleração no desenvolvimento do raciocínio e da memória cerebral, pois as pessoas não estão despertando essa necessidade, preferindo delegar cada vez mais essa tarefa às máquinas.
Hoje em dia, tudo é feito pelo computador e celular. Por que se preocupar em memorizar algo ou se esforçar para fazer um cálculo se as máquinas estão aí para fazer isso por nós? Dessa forma, é preciso considerar que o desenvolvimento do cérebro físico pode não ocorrer de forma normal, uma vez que essa necessidade não surge. Tudo isso nos leva à conclusão de que nada é construído sem necessidade. É a necessidade que possibilita o desenvolvimento de tudo.
Desta forma, podemos concluir o quão imprudente o ser humano é ao tentar fazer do animal de estimação um ser que pula etapas de seu desenvolvimento. Isso não é possível, uma vez que o animal não tendo a necessidade de desenvolver seu corpo conforme o tempo passa, ele acaba se neutralizando e deixando de exercer seu desenvolvimento normal, muitas vezes agindo apenas de acordo com a vontade de seu “dono”.
Não se deve pular etapas, pois o desenvolvimento não ocorre adequadamente quando isso acontece. O desenvolvimento da individualidade passa a necessitar cada vez mais de cuidados que antes eram supridos pela própria individualidade.
Quando não se dá a oportunidade de aprender a pular um obstáculo, nunca se saberá fazê-lo. Por isso, é necessário que cada individualidade tenha a chance de aprender a lidar com os desafios em seu próprio tempo. Se retirarmos um animal do seu habitat, o privaremos da oportunidade de se desenvolver de forma adequada.
Quando um animal é retirado de seu habitat, também está sendo retirada a oportunidade de desenvolver adequadamente seu sistema imunológico, que consiste em um conjunto de elementos presentes em seu corpo físico. Esses elementos têm como finalidade proteger o corpo contra doenças, vírus, bactérias, micróbios e outros agentes patogênicos. O sistema imunológico atua como uma barreira de defesa que protege o corpo contra invasores indesejáveis.
Podemos observar o desenvolvimento do cérebro no reino animal através da teoria do cérebro de Paul D. MacLean, que em 1952 propôs sua teoria evolucionista do cérebro triúnico para explicar os processos emocionais e suas mudanças ao longo da evolução da espécie. Segundo o célebre psiquiatra e neurocientista, o ser humano continua a preservar até hoje essas três estruturas básicas: o cérebro reptiliano, o sistema límbico e um cérebro mais novo e complexo responsável pelas funções superiores, o neocórtex.
Quando o ser humano tenta impor aos animais seu comportamento humano, está pulando etapas no desenvolvimento físico e na construção de seu cérebro. Dessa forma, não está amando o animal, mas sim maltratando e desrespeitando seu desenvolvimento natural. O mesmo ocorre quando o ser humano utiliza ferramentas para facilitar seu trabalho, mesmo que o desenvolvimento humano esteja terminando, uma vez que na próxima etapa será feito sem o uso do corpo físico. Nesse estágio, todas as necessidades individuais são supridas pelo mecanismo espiritual, não havendo mais a necessidade do cérebro ou do corpo físico para agir de determinada maneira. Tudo existe no espírito, e o corpo físico serviu como um instrumento de ensino e treinamento para o espírito exercitar suas possibilidades.
O ser humano deve reconhecer que todos os animais, que ele categoriza como irracionais, na verdade não o são, pois eles pensam e têm os mesmos sentimentos que animam o corpo humano, estando apenas um pouco mais atrás em sua evolução. Todos os seres são regidos por meio do programa instintivo que é formado ao longo do seu desenvolvimento, progredindo gradualmente até alcançarem autonomia e, a partir desse momento, possuem a liberdade da escolha de sua ação no uso do programa instintivo. Esse é o momento do livre arbítrio, é quando eles comem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e dessa forma podem praticar para determinar a melhor forma de agir em harmonia com as demais individualidades.
Quando falamos em harmonia universal, estamos nos referindo a uma lei suprema. É importante compreender que tudo no universo está sob a influência dessa lei maior, que orquestra o desenvolvimento de todas as coisas com infinita maestria e rigor absoluto. Nada pode desafiá-la, pois é imutável e fundamental, juntamente com todas as outras leis que regulam o desenvolvimento do cosmos como um todo.
Qualquer confronto com esta lei servirá apenas para que o confrontante possa perceber a sua extensão e utilidade educativa no aprendizado que cada coisa criada fará para um dia atingir a perfeição, que, a nosso ver, é uma constante. Sempre os seres estarão nessa busca, uma vez que se esta busca cessasse, haveria uma estagnação, o que não pode existir, uma vez que o universo é dinâmico e todas as coisas também devem seguir este sistema dinâmico. Em vista disso, chegamos à conclusão de que estaremos sempre buscando a perfeição, pois quanto mais sabemos, mais percebemos que pouco sabemos. Este é o caminho no aprendizado em busca da perfeição, porque a criatura ainda não tem a completa noção do que seja a força cósmica universal que nos fez individualizar e entrar nesta corrente de busca.
Assim, o ser humano deve, primeiramente, ter a consciência de que tudo o que existe interage, buscando em conjunto o aprendizado da harmonia. Todos, sem exceção, devem se unir, pois cada um possui a mesma importância para aquele que patrocinou a existência de cada indivíduo. Na verdadeira essência da palavra “indivíduo”, todos derivam de uma mesma fonte, a força cósmica universal que emana do Criador. Portanto, o ser humano deve abandonar a ideia de superioridade em relação a qualquer outra coisa e, em vez disso, aprender a assumir mais responsabilidade, a qual cresce juntamente com o aumento do aprendizado, especialmente depois que alcançou o livre arbítrio.
Todo o universo está repleto dessa força, que é a fonte na qual todos os seres se sustentam. Muito sutil, ela interpenetra tudo o que existe. Essa força possibilita o desenvolvimento universal, já que ampara e conduz todos durante a caminhada rumo à perfeição. A força cósmica estabelece a lei da harmonia que rege tudo, desde um átomo até o próprio universo, bem como toda a matéria sutil que integra a totalidade da criação e ainda é desconhecida pelos terráqueos. A força cósmica universal, podemos dizer, é a vontade do Criador que se manifesta em tudo o que foi criado, é a essência da criação.
A ferramenta colocada à disposição das individualidades para descobrir o rumo certo de efetuar seus atos do dia a dia é a dor, essa benção que a todos educa, portanto nunca deve ser esquecido que cada pequeno sofrimento causado ao outro terá um custo. Afinal, é somente ela que é capaz de mostrar o caminho da solidariedade que deve existir entre tudo e todos, o caminho do amor, qualificação da Força Cósmica Universal. O sofrimento dos animais os educa para a condução e formação de seu instinto, até que percebam como educação. A partir desse momento, passam a aprender mais rapidamente do que quando estavam apenas sendo guiados pelo programa instintivo, sem liberdade de escolha.
Os animais, por não possuírem a maldade em suas ações, captam apenas as energias positivas presentes no universo, o que os torna de extrema importância quando estão próximos dos seres humanos. Basta que o humano tenha a capacidade de buscar neles essa energia com a qual são naturalmente dotados, pois os animais automaticamente se dispõem a compartilhar essa fonte de energia que, em alguns casos, pode resultar em curas milagrosas. É importante salientar que muitos seres humanos, mesmo com dificuldades físicas, devido à busca por melhorias pessoais, são capazes de receber em abundância essa energia dos animais usados em tratamentos, como cavalos, cachorros e gatos. Essas pessoas, na maioria das vezes, são inocentes e desprovidas de maldade.
É sempre importante ressaltar que toda crueldade praticada por um ser humano consciente contra os animais resultará em consequências negativas para a harmonia e acarretará cobranças por esses atos. De uma forma ou de outra, essas ações se tornarão aprendizado para o praticante da maldade. Por vezes, a forma da punição pode não ser evidente, mas será imposta sem distinção. Portanto, é fundamental enxergar todas as partes como um todo, onde cada indivíduo possui igual importância no conjunto, diferenciando-se apenas pela maior ou menor responsabilidade no aprendizado do próximo.
Quando o ser humano busca conforto nos animais, é sinal de que ele está carente de ter alguém para cuidar. Também pode demonstrar que ele não está sendo capaz de se relacionar com os iguais, muitas vezes ocorrendo por causa de seu orgulho que o faz pensar ser melhor que os demais. Essa situação é bastante frequente em famílias com poucos filhos. A necessidade de reprodução gera essa instabilidade, pois o objetivo do ser humano é gerar corpos para que os espíritos possam realizar seu processo de aprendizado. Isso implica que as gerações sempre se dispuseram a manter essa regra, porém, antigamente, os casais dedicavam mais tempo para ter e cuidar dos filhos. Atualmente, o ser humano está mais preocupado com o seu próprio bem-estar e não consegue dedicar tempo ao processo reprodutivo.
Assim, muitas vezes a falta de cuidado e atenção é suprida através da relação com os animais de estimação, os quais podem trazer conforto, companhia e amor incondicional. Os animais são seres que não julgam, sempre presentes e prontos para oferecer e receber carinho, preenchendo assim um vazio emocional que o ser humano possa estar sentindo.
No entanto, é importante ter em mente que os animais não podem substituir a presença de outros seres humanos em nossas vidas. É crucial buscar equilíbrio e não depositar toda a responsabilidade emocional em um animal de estimação, pois isso pode ser prejudicial tanto para o animal quanto para o humano.
É fundamental que o ser humano busque também relações saudáveis com outros seres humanos, a fim de compartilhar experiências, aprendizados e afeto. Ter animais de estimação é maravilhoso e pode trazer muitos benefícios para a saúde mental e emocional, porém é importante manter um equilíbrio saudável e não depender exclusivamente deles para suprir as necessidades emocionais.
Por isso, houve uma mudança no pensamento e atualmente os casais buscam se unir apenas para a própria satisfação, e não para cumprir o propósito designado, que é criar corpos para que os espíritos possam realizar o trabalho de aprendizado. Esse comportamento está tão enraizado nos dias de hoje que os casais não percebem que seus antepassados tinham a missão de reproduzir muitos seres, enquanto agora, por não refletirem sobre a finalidade da reprodução, buscam apenas os prazeres gerados pela união sexual.
Nossos ancestrais têm enraizada dentro de si a finalidade reprodutiva, por isso muitos casais nem percebem que essa necessidade está presente em seu íntimo e se manifesta através das suas experiências, como sendo os continuadores da vida física dos seres humanos. Atualmente, não têm consciência de que o cuidado com os animais está intrinsecamente ligado ao seu inconsciente, cuja principal regra é a reprodução de corpos humanos. Por isso, surge essa ansiedade em ter animais de estimação e cuidar deles como se fossem filhos, revelando a carência que sentem de uma prole.
Devido à vida agitada que levam, muitas pessoas optam por ter animais de estimação, pois eles não dizem não ao que é feito a eles, já os filhos necessitam de mais dedicação e tempo. Os seres humanos atuais não desejam que isso aconteça, pois os animais talvez demandem menos trabalho do que os humanos. Tudo isso é motivado pela carência que o ser humano tem devido a essa necessidade de reprodução que foi passada ao longo das gerações, permanecendo na memória da família e, consequentemente, manifestando-se em cada ser humano que vive no presente momento.
A reprodução de corpos é uma necessidade genética para que a espécie não se extinga, garantindo assim a continuidade e possibilitando o desenvolvimento do trabalho de aprendizado que os espíritos fazem na busca da perfeição para a qual foram criados. Além disso, muitos indivíduos sentem a necessidade de ter algo que represente os filhos, e por isso escolhem os animais domésticos, por mais que não levem em consideração o que estão fazendo com eles, seja tirando-os de seus habitats naturais ou alterando seus corpos com modificações, como cortes de orelhas, corte de rabo e outras mutilações, além de castrações, entre outras ações.
O animal é retirado de seu habitat e é proibido de gerar filhotes, apenas porque o ser humano deseja que o animal o sirva como suporte para sua carência. Muitos seres humanos não tiveram a oportunidade de ter mais filhos, o que os leva a buscar nos animais um motivo para preencher essa lacuna. Outros optaram por não ter filhos nesta vida, o que os deixa extremamente carentes, e é aí que surge a busca por um animal de estimação como uma forma de “tapa-buraco”. Quando a carência é tratada, tudo volta ao normal.
O ser humano sempre procurou domesticar animais para desfrutar de sua companhia, de seu trabalho e até de sua carne, uma vez que muitos aprenderam que não se deve escravizar seus semelhantes. Por isso, buscou domesticar animais para substituir a mão de obra escrava, e utilizou o cavalo como meio de transporte e para transportar objetos. Além disso, usou também o cavalo como meio de locomoção em guerras, da mesma forma que outros animais foram utilizados para este fim. Há ainda o uso de animais para fazer vigilância e outros apenas para deleite através de suas vozes melodiosas. Alguns animais foram criados como enfeites, enquanto outros foram usados para alimentar os filhos dos humanos através de seu leite. No entanto, o mais cruel é o fato de o ser humano se alimentar da carne de muitos animais que são criados e sacrificados para este fim, apesar de serem especialmente destinados a se alimentar de frutos.
Quanto mais o homem se especializa, mais ele é capaz de impor sacrifícios aos animais para alimentar sua sede de consumismo. Vacas são criadas em cubículos, onde seus filhotes são separados logo após o nascimento, a fim de produzirem mais leite e assim encherem excessivamente os cofres dos seres humanos. Galinhas poedeiras, desde o nascimento, são mantidas em cubículos tão pequenos que mal conseguem descansar ou se mover, tendo como único propósito satisfazer as necessidades humanas, e muitas vezes acabando sendo consumidas por eles. Nada é feito para beneficiar ou minimizar o sofrimento desses animais, tudo é em benefício do “bem-estar” humano, que se julga superior às outras formas de vida existentes, muitas vezes se baseando em ditames religiosos.
Existe uma força maior que reside em cada ser criado, conferindo a todos o mesmo valor. Apenas o ser humano, dotado de livre arbítrio, deveria ter maior conhecimento desse princípio valorativo, o que não acontece, pois ele não reconhece a igualdade entre as criaturas, percebendo apenas as diferenças em seus desenvolvimentos.
Neste momento da vida, é fundamental estudar a origem e evolução da humanidade e de outras espécies, analisando cuidadosamente o que deve ser conservado do passado e aplicando esse conhecimento para melhorar as condições de todas as formas de vida, ao invés de focar exclusivamente no bem-estar humano. O ser humano deveria ser o principal agente na busca pela igualdade entre todos, porém, muitas vezes se restringe a cuidar apenas de si mesmo, ignorando as demais formas de vida.
O avanço tecnológico é essencial e deve ser usado para a construção de um mundo harmonioso, não para perpetuar a escravidão dos menos esclarecidos e incapazes de agir por conta própria, referindo-se àqueles que ainda não possuem o livre arbítrio. Quanto mais conhecimento, maior é a responsabilidade para com a criação divina, é isso que se espera do ser humano que já percorreu um longo caminho na estrada da evolução.
De tempos em tempos, surgem no planeta seres que buscam esclarecer sobre a atuação necessária para que a humanidade tenha um final harmonioso nesta fase de aprendizado que ocorre no planeta Terra. É crucial prestar atenção às suas colocações a fim de compreender melhor o ser humano e sua responsabilidade perante o Criador na construção de um mundo melhor, onde todos possam aprender de forma menos dolorosa.
Alguns seres humanos ainda não se dão conta de que os filhos que têm são suficientes para absorver o tempo necessário para um bom desenvolvimento estrutural da família. Dessa forma, buscam nos animais uma complementação na distribuição de tempo. Outros, que não conseguiram se adequar aos filhos que têm, procuram em animais determinados comportamentos para fazer algo diferente do que fizeram com os filhos. Uma vez que os filhos sempre dispuseram de vontade própria e os animais não estão conscientes dessa vontade, os pais agora desejam extravasar essa liberdade da qual se consideram merecedores, mas não souberam expressar na época. Isso tem como base o orgulho que não os deixa agir com compreensão sobre os direitos dos filhos enquanto necessitados de auxílio para a sua estruturação.
Ninguém deve imaginar-se superior aos animais no sentido de se considerar dono da vida e do comportamento deles, uma vez que cada animal tem seu próprio papel no mundo para realizar suas ações com a finalidade de aprendizado. Não cabe aos seres humanos mais evoluídos designar o lugar e a maneira como os animais devem aprender.
É fundamental não os retirar de seus habitats naturais, pois ao fazê-lo estar-se-á atrasando, em vez de facilitar, o desenvolvimento deles. É necessário observar que quando um animal é retirado de seu habitat, ele procurará imediatamente outro local para se desenvolver e faz de tudo para se adaptar ao novo local de estadia, o que pode trazer dificuldades para aqueles que o retiraram de seu ambiente natural.
Um exemplo disso são as epidemias que frequentemente ocorrem como consequência da retirada dos animais de seus habitats naturais, ou da destruição desses habitats. Um exemplo claro disso foi a pandemia da Covid-19, onde a interferência humana levou ao deslocamento do vírus de seu habitat original para novas localidades. Infelizmente, o ser humano acabou sendo o hospedeiro escolhido, resultando em graves problemas para todos.
Amar um animal ou cuidar dele não significa retirá-lo de seu habitat natural. O ser humano deve tratá-lo com respeito, o que, em primeiro lugar, significa conservá-lo em seu ambiente natural, em vez de colocá-lo em uma prisão domiciliar sob pretexto de que isso é amá-lo. Amar um animal é respeitar o seu desejo de liberdade e não o aprisionar em uma casa. A casa é destinada a receber o ser humano, que já possui o livre arbítrio. Quem ainda não possui livre arbítrio não deve ficar à mercê daqueles que têm, e estes não devem impor sua vontade ao animal achando que sabem o que é melhor para ele. As ordens devem vir do instinto do animal. O respeito é a base do amor, portanto não se deve impor ao animal o que ele deve ou não deve fazer. Sua liberdade é crucial para seu aprendizado e para alcançar futuramente o livre arbítrio.
É importante estabelecer como meta a evolução pessoal, assim como a evolução dos demais membros do planeta, sobretudo os animais que ainda são regidos pelo programa instintivo. Eles merecem cuidado por parte dos seres humanos dotados de livre arbítrio, dentro dos limites impostos pelo programa instintivo. Ou seja, devemos colaborar com a evolução deles, respeitando os limites que possuem e que merecem ser respeitados.
Cada vez que se ultrapassa o limite do programa instintivo, está-se causando sofrimento ao animal, o que vai contra os bons princípios que o ser humano deve seguir. O auxílio é bem-vindo, porém impor a vontade do ser humano sobre eles é, nada mais, nada menos, do que uma violenta agressão.
Sabemos que todos os animais devem ser amados e respeitados, o que envolve sua essência. O ser humano possui o livre arbítrio, ao contrário do animal em questão, que possui suas próprias maneiras de agir, diferentes das dos humanos. Toda vez que o ser humano tenta impor seu comportamento ao animal, está provocando uma agressão desnecessária. Muitas vezes, o animal é incapaz de denunciar a agressão, que mesmo assim ocorre.
O ser humano deve se adaptar ao animal e não o contrário. Os animais ainda são regidos pelo seu programa instintivo e têm liberdade de agir de acordo com ele. Se o ser humano tenta impor sua maneira de agir, está automaticamente violando a liberdade do animal. Por exemplo, ao colocar uma roupa em um cachorro, está agredindo sua liberdade, já que ele deve operar sua segurança no frio da forma determinada por seu programa. Muitas vezes, o ser humano retira o cachorro de seu ambiente natural para colocá-lo dentro de casa, mas é importante entender que o lugar do animal é ao ar livre, com liberdade. Por isso, devemos permitir que o animal aja conforme suas necessidades, sem impor costumes humanos, para que ele possa agir dentro dos limites de seu programa instintivo e não se perder no programa livre do ser humano.
O ser humano age dessa forma porque é carente e busca na subjugação dos animais a satisfação de suas necessidades. No entanto, ao escolher um animal para esse papel, acaba por prejudicá-lo. Atualmente, existem diversas formas de tratamentos disponíveis para lidar com a normalidade, mas ainda assim muitas pessoas preferem buscar uma solução que fuja da realidade. É importante que o ser humano ame e não maltrate os animais, pois privá-los de seu habitat e tentar impor ações de acordo com a sua vontade, embora possa não parecer, é uma grande agressão.
O animal se submete ao seu “dono”, às vezes por medo e outras vezes pela repetição das práticas impostas pelos costumes humanos. Sabemos que o animal pode agir de determinadas formas devido à imposição e à frequência de determinadas ações. O condicionamento é o responsável por fazer com que o animal execute os comportamentos desejados pelo seu “dono”. Essa é a maior agressão praticada contra o animal, pois priva-o da sua liberdade de ação, que é regida pelo seu programa instintivo.
Tudo o que o ser humano faz com um animal é reflexo do que ele fez ou faz com seus familiares. A diferença está no fato de que o animal não possui a capacidade de reagir ao tratamento recebido, enquanto os familiares muitas vezes demonstram reações aos atos praticados contra eles, algo que o ser humano frequentemente não aceita. O animal normalmente age com tranquilidade até ser provocado, já que a reação faz parte de seu programa instintivo para situações de perigo iminente. No entanto, o animal não consegue distinguir se o perigo é proveniente de uma fonte amiga ou simplesmente de maldade.
A consciência do ser humano pesa quando se lembra de atos inadequados que cometeu contra os animais, levando alguns a procurarem se redimir acolhendo e tratando bem alguns deles, como uma espécie de recompensa pelo malfeito. No entanto, esse acolhimento geralmente não corresponde às necessidades dos animais, resultando muitas vezes em uma falta de liberdade para eles.
Esse tipo de tratamento, como forma de compensação pelo passado, é muito insuficiente, uma vez que determinados indivíduos ainda não perceberam que é possível conviver com animais respeitando sua liberdade e proporcionando um habitat adequado para cada espécie. Muitas vezes, ao agir de forma a expressar compreensão aos animais, o ser humano age segundo seu inconsciente, sem ter plena consciência da realidade e das necessidades dos animais.
A sagacidade do ser humano permanece inalterada, ele apenas deseja que sua consciência seja purificada do mal que cometeu no passado contra seus familiares ou animais. Reconhecer seus erros é uma forma de redenção, mas também é importante mostrar compaixão pelos animais, permitindo que eles escolham seu lugar e amando-os genuinamente, o que implica em evitar certas ações que não são apropriadas para seus expiadores de maldade.
Iepê, 2016.
Caetano Zaganini