AMOR – Capítulo 03 – Caminhos da Evolução

Amor, um termo possuidor de vários significados, dependendo de quem o utiliza e para qual finalidade. Vários filósofos classificaram-no de diferentes formas. Destacamos um filósofo que possui muito a contribuir com a nossa dissertação. Para o filósofo grego Platão, esse termo seria um agente de transformação e ordenação do mundo.
Nós afirmamos que esse termo está declarando que o início do universo ocorre por meio da transformação da matéria inerte em matéria estruturada. A ordenação do mundo, ou seja, do universo, nada mais é do que o seu desenvolvimento, que tem início com a estruturação da matéria e segue o caminho da evolução até alcançar a perfeição para a qual todas as coisas foram criadas. Essa estruturação é regida pela lei da harmonia, onde tudo se desenvolve de maneira adequada, com o objetivo de aperfeiçoar-se. Assim como tudo o que foi criado, também foi criado pela dinamicidade do Criador, dessa forma, a lei da harmonia está ordenando cada partícula dentro desse conjunto de desenvolvimento.
O terráqueo vive no planeta que faz parte de um universo que, assim como os demais, foi formado com a finalidade da expansão de seu Criador. Esse universo foi criado a partir da vontade suprema do Ágape. Pois bem, na formação de um universo, o amor é a força primordial que o estrutura e permite seu desenvolvimento através da evolução determinada pela dinamicidade. Essa força está na base de tudo quanto se desenvolve naquele e em outros universos.
O amor é a força motriz que une tudo o que foi iniciado naquele instante de formação. Podemos denominá-lo Força Cósmica Universal, pois é a força comandada pelo princípio inteligente coordenador de toda a evolução naquele universo. Esse princípio tem a finalidade de organizar cada partícula, cada átomo, cada molécula, na busca da composição dos novos aglomerados que, ao longo do tempo, vão se individualizando para obter a capacidade de se livrar da matéria que os compõe desde o início e, futuramente, com o desprendimento da citada matéria, poder assumir sua realidade divina emanada da fonte criadora.
Essa força está presente em cada objeto criado, desde o próprio universo “físico” com todas as suas divisões, até os seres espirituais mais perfeitos. O universo possui divisões materiais, uma vez que tudo para nós é matéria. Muitas dessas divisões ainda são desconhecidas pelo terráqueo em seu estágio atual de desenvolvimento, mas aos poucos estão sendo descobertas à medida que avança na evolução.
Essa força, denominada amor, provém do Criador. Ela se desprende para dar continuidade à criação eterna e faz parte da dinamicidade divina. A sua fundamentação é essencial, fazendo parte integrante de cada coisa, objeto, ser e individualidade, enfim, de tudo o que existe. O amor é a força geradora de todas as construções no universo, inclusive de si próprio.
Por se tratar de uma força primordial, ela permeia tudo e age da mesma forma em tudo o que existe. Ela não se desvia de sua finalidade divina, que é congregar e dar suporte a tudo de forma igualitária, sem fazer distinção entre nada e ninguém. Essa força age em tudo igualmente e é a base da harmonia presente em toda obra divina. A obra divina é regida pela lei da harmonia, que serve como parâmetro para qualquer ação desenvolvida pelas criaturas, sejam elas parte do reino mineral, vegetal ou animal. Ela também orienta aqueles do reino animal que já possuem o livre arbítrio, sendo capazes de delinear ações para um caminhar mais complicado ou coerente ao trato harmônico.
Por ser vinda do Criador, tudo o que ela assiste tem sempre o mesmo valor, nada diferenciando durante o desenvolvimento no caminho da perfeição, em cujo ápice se encontrará novamente com a fonte e fará parte de nova criação universal.
A força denominada amor está sob a tutela do princípio inteligente, que vai orientando o desenvolvimento de cada construção durante o seu período de individualização. A individualização começa na estruturação da matéria que se acha num bloco único e inerte, a que nominamos como elemento primordial. Ela acontece com a entrada da essência do Criador no elemento primordial, quando ocorre o nascimento de um novo universo. Uma partícula de Sua essência permanece na nova construção como princípio inteligente, formando a força cósmica universal que reina absoluta no desenvolvimento dessa criação.
A individualização tem a finalidade de colocar em individualidades menores o grande Espírito de Deus, para que cada partícula tenha a oportunidade de se aperfeiçoar, isto é, ir se desvencilhando da matéria na qual está enraizada desde o momento de sua criação. Como fonte principal, a força denominada amor vai se orientando no princípio inteligente para a construção dessas individualidades menores. Ao longo do desenvolvimento dessas individualidades, o princípio inteligente vai se revelando cada vez mais até se tornar completamente visível.
Neste ponto, é necessário esclarecer que, quando nos referimos à matéria, não nos referimos somente à matéria conhecida em seus estados sólido, líquido, gasoso e plasmático. A matéria à qual nos referimos é toda a composição da matéria que ainda é desconhecida pelos terráqueos na fase atual de evolução. Por exemplo, o ar não é visível, mas deixa seus rastros, enquanto a luz pode ser observada, mas sua composição real é pouco conhecida. Portanto, podemos dizer que toda a matéria estruturada possui variadas formas e composições, que envolvem o princípio inteligente e a força cósmica universal denominada amor.
Cada bloco produzido com a estruturação cria, consequentemente, um mapa, um guia de como está se desenvolvendo, evoluindo, tendo em vista a dinâmica resultante dessa estruturação que produz o aperfeiçoamento de cada uma dessas individualidades. Este mapa ao qual nos referimos é o denominado mapa genético, resultante daquilo que já está organizado em função das escolhas feitas através do desenvolvimento do bloco, cujo mapa permite a construção de novos blocos, como atualmente se diz na reprodução das plantas e do corpo físico animal. Tudo no universo é transformação, apenas o grande espírito divino é imutável. A evolução ou aperfeiçoamento de que se fala ocorre quando o aprendizado vai fazendo com que a individualidade portadora da partícula do grande espírito se desvencilhe da matéria na qual está entranhada.
Quando se fala que a evolução caminha sempre rumo à perfeição, é porque o trabalho de aprendizado, através dos erros e acertos nos atos do dia a dia da individualidade, vai oportunizando o desvinculamento da matéria que a integra. É tido como certo que ela, uma vez livre dessa matéria, não tem como retornar a ela, ou seja, não há involução, não há retorno.
Desde o início, cada bloco, ou seja, cada individualidade, age de acordo com o programa instintivo criado durante o desenvolvimento de sua existência e ao qual o espírito tem acesso para orientar a condução daquele bloco rumo ao aperfeiçoamento. O programa instintivo torna-se mais presente em suas formas mais avançadas de acordo com a necessidade da individualidade ao desenvolver seu aperfeiçoamento.
O mapa genético oportuniza as regras de como o bloco pode ser primeiramente partilhado e depois como ele conserva sua existência até a finitude determinada. Orienta ainda, a sobrevivência do corpo físico através de sua manutenção e reprodução. A manutenção é necessária para a conservação do corpo até que se extinga; a reprodução serve para dar continuidade no desenvolvimento de novos corpos e seu respectivo aprimoramento.
Quando o corpo físico chega ao término de sua existência, seja por tempo, enfermidade, acidente ou vontade própria, o espírito individualizado que o anima se desloca para o plano astral, e o corpo se desfaz, retornando sua matéria para integrar o corpo maior ao qual damos o nome de planeta terra. Este, por sua vez, também possui seu espírito e absorve assim a matéria do corpo desintegrado.
A matéria que voltou à mãe terra servirá novamente para formar os novos corpos necessários à conservação e ao aperfeiçoamento da individualidade em desenvolvimento, componente do orbe terrestre.
Todo corpo individualizado está se aperfeiçoando e o espírito divino que o anima está organizando seu desenvolvimento através do programa instintivo. Esse desenvolvimento ocorre sem retrocessos e em um determinado estágio. Quando o conhecimento atingir um nível em que o espírito seja capaz de reconhecer-se como individualidade, passará a comandar seu próprio programa instintivo, agora com a finalidade de desenhar opções e meios para a continuidade de seu aprendizado, estabelecendo as regras de conduta que deseja. Neste ponto, ocorre a ruptura da imposição do programa instintivo, que até então era soberano, e a individualidade passará a direcioná-lo. A aquisição deste conhecimento é denominada livre arbítrio. Na história bíblica, corresponde à passagem em que Adão e Eva comem do fruto da árvore proibida, da árvore do bem e do mal.
Quando falamos de amor, referimo-nos a essa força de aglomeração que transforma a matéria inerte em matéria estruturada e, consequentemente, pronta para se dividir e aperfeiçoar através de ensaios de desvencilhamento da matéria. Essa matéria faz com que todo o conhecimento do grande espírito permaneça oculto, sem visibilidade nos blocos primordiais. Com o passar do tempo, essas partículas, orientadas pelos ditames do princípio inteligente, aprendem a dar continuidade à sua evolução, reduzindo a dependência da densidade da matéria à qual estão ligadas.
Por isso, afirmamos que o amor é universal e distribuído igualmente para todos, pois ele é a base estrutural da totalidade do que existe. Dessa forma, cada individualidade traz consigo essa força agregadora, cuja potência se manifesta cada vez mais à medida que a partícula divina se desvincula da matéria com a qual compartilha a existência durante sua caminhada evolutiva até voltar para o Criador.
Quando esse desvencilhamento se completa, a fagulha divina que forma a individualidade retorna para o lugar de onde saiu, tornando-se novamente integrante do Todo e completando o ciclo expansionista, podendo participar de outra estruturação na criação de um novo universo. Este é o caminho que a divindade percorre, sempre criando novos universos com a finalidade de sua expansão.
A ciência constatou que o universo está em expansão. Da mesma forma, podemos dizer que a premissa da divindade também o é. A divindade se expande por meio da criação efetuada através das grandes explosões. Esse fenômeno gera individualidades que se multiplicam e, por meio do aprendizado que adquirem, tornam-se capazes de se desvincular da matéria na qual estão imersas. Esse aprendizado as habilita a se desvincular da matéria, levando-as em direção à perfeição, quando então se somarão ao Criador, expandindo-o. Esses desdobramentos possibilitarão que novos universos surjam, concretizando assim a expansão.
A pequena partícula que inicia uma individualidade está em contínua movimentação, uma vez que, como já dissemos, ela é a tônica da expansão universal operada através da libertação da matéria. A expansão da divindade é constante, assim como é a expansão do universo. Portanto, a criação é eterna e será cada vez mais instrumentalizada através dessa movimentação da matéria, considerando que tudo é matéria.
A matéria é, para nós, tudo o que é instrumentalizado a partir da Divindade. Portanto, acreditamos que, embora as classificações dadas pela ciência procurem apenas nomear os diversos estados divisionais da matéria, considerando o que o homem conseguiu conceber até o presente momento devido ao seu conhecimento atual, tudo é matéria. Assim, colocamos a parte nomeada pelo ser humano, conhecida como matéria, juntamente com as divisões sutis, ainda desconhecidas e que integram a totalidade da construção divina. Essa construção se inicia a partir da criação do universo e ainda se encontra sob o manto da inexplicabilidade científica terráquea, embora haja individualidades no planeta Terra com capacidade para disponibilizar novas informações a respeito da constituição primordial.
Através do conhecimento científico atual dos terráqueos, é possível verificar a composição da “matéria” como sendo formada por átomos, os quais possuem um núcleo orbitado por elétrons e outras partículas. Portanto, o universo que vemos possui sistemas solares que não são nada mais do que um núcleo com planetas e outros objetos girando ao seu redor. Assim, podemos classificá-los como átomos, porém, em uma proporção maior do que os átomos que formam a matéria conhecida pelos humanos terráqueos.
Essa constituição atômica em uma escala maior também forma um corpo celeste extremamente grande, tem vida própria e também é animado por uma fagulha, partícula divina do Criador, que se expande e se aperfeiçoa com o passar do tempo, assim como ocorre com os terráqueos e outras individualidades.
Vemos aqui que a criação divina não se restringe a um pequeno mundo que conhecemos. Estamos muito aquém da realidade divina, que interpenetra todas as coisas existentes de maneira muito mais real do que podemos imaginar, em uma constante estruturação e formação daquilo que conhecemos como a substância que compõe tudo o que existe.
É impossível para nós imaginarmos a extensão da criação. Ainda nos é difícil entender como toda essa matéria se integra e age com a força criadora que denominamos amor. Essa força une a todos em uma agregação da qual é impossível conceber qualquer partícula desvinculada dela.
É por tudo isso que o amor do Criador está presente em tudo e em todos, e interage igualmente com todos, não separando nada, porque ele integra tudo e a todos. No início, os seres criados têm dificuldade em entender isso, porque ainda não estão despidos de toda matéria, o que lhes impõe restrições para compreender claramente o amor maior do Pai, que ama a todos igualmente. Quando o ser alcança a perfeição, estará pleno do conhecimento do amor devorador do Criador, esse amor que vai devorando todo o impedimento para o ser demonstrar essa maravilha solidária da criação.
Bela Vista do Paraíso, 2024
Caetano Zaganini